Portugal - Emprego e Mercado de Trabalho

02-12-2012 20:29

O Desemprego em Portugal 

População Activa e Desemprego

    

    Será que o aumento da população activa justifica o aumento exponencial do desemprego?

    Em Portugal a população activa creceu apenas 10,1% desde 1974 até 2011, contra o aumento exponencial da população desempregada, principalmente a partir de 2008 – período que marca o início das falências dos bancos e seguradoras norte-americanas – com o número de desempregados em Portugal de 2008 para 2009 a aumentar 1,9%, o que representam mais 97.282 no total do universo dos desempregados.

 

Tipo de Desemprego

   

    É entre a população que procura um novo emprego que se registam os maiores valores de desemprego, com 89,55% do total do desemprego em 2011 face aos 10,45% daqueles à procura do 1º emprego. No universo dos desempregados, desde 2008 reparamos que o aumento do desemprego dos que procuram um novo emprego se agravou em 405800 indivíduos. 

    Contrariamente a esta tendência registamos um decréscimo do desemprego para quem está à procura do 1º emprego, com uma diminuição de 65500 indivíduos desde 1983. O ano de 2011 foi o que maior variação no período em estudo registou, com um aumento de 103500 pessoas desempregadas. 

    Quais as razões para estas alteraões de paradigma no mercado de trabalho?

    Em primeiro lugar esta tendência pode ser explicada pelo aumento da escolaridade e do grau de especialização dos novos trabalhadores, ou seja, os correspondentes aos desempregados à procura do 1º emprego. Estes desempregados não têm tantas restrições em relação ao trabalho que arranjam e muitas vezes sujeitam-se mais do que aqueles que já tiveram um emprego e estão habituados a certas regalias. Depois há também uma maior devastação de postos de emprego mais penalizante para quem procura a reinserção laboral, pois estes desempregados não têm tanta flexibilidade para executar tarefas completamente diferentes daquelas que estavam habituados a fazer.

    Comparativamente a quem está à procura do 1º emprego, quem já esteve vários anos no mercado de trabalho a exercer a mesma profissão durante grande parte da sua vida não conseguem lidar com esta nova realidade por razões ligadas às suas aptidões e formações.

Taxa de desemprego por grupo etário

       

    Os jovens, com idade até aos 25 anos, são sem dúvida o grupo etário mais afectado pelo desemprego, com uma variação de 14 pontos percentuais de 2000 a 2011. No total, este grupo etário representava cerca de 57% em 2011.

A taxa de desemprego em Portugal é mais baixa nos grupos etários mais velhos (55-64 anos), representando apenas 20% dos desempregados, a taxa mais baixa registada em 2011. É também este grupo que detém as menores variações percentuais, com uma variação de apenas 11% (9% em 1983 e 20% em 2011). 

Quais as causas desta diferenças entre faixas etárias?

    Esta vulnerabilidade do grupo etário até aos 25 anos poderá em parte ser explicada pelo facto de este grupo integrar o segmento dos assalariados que mais contratos a termo detinham. Para além disso, em conjunturas marcadas por grande aumento do desemprego, os jovens são também o objecto predilecto dos empregadores para reduzir a sua mão-de-obra, o que leva a uma maior variação percentual de desemprego, que tem tendência a agudizar-se em períodos de crise.   

    O grupo dos 55-64 anos refere-se principalmente a estatutos sociais completamente diferentes, que por sua vez se compensam: a classe média/ média-alta e a classe baixa – uns fazem parte da população que tem maior estabilidade salarial e laboral e os outros são os que têm menos qualificações profissionais e poucas possibilidades monetárias, para além de terem uma idade pouco considerada para reinserção no mercado laboral - isto faz com que haja menos variação na taxa de desemprego deste grupo.

Taxa de desemprego - total e por sexo

     Em Portugal desde sempre que as mulheres foram subvalorizadas no mercado do trabalho, quer por questões culturais ou por discriminação social, e por consequência o desemprego sempre afectou mais o género feminino. Felizmente esta tendência tem vindo a diminuir: em 1983 a discrepância entre os dois géneros era de 7 pontos percentuais (4,6% nos homens e 11,6% nas mulheres), e em 2011 as mulheres detinham 13,1% da taxa de desemprego e os homens 12,4%, ou seja, uma diferença de apenas 0,7 pontos percentuais. Isto significa que o peso relativo das mulheres em 2011 relativamente ao total da taxa de desemprego é de 48,3% e o dos homens 51,7%. 

    Qual o móbil desta grande conquista na sociedade portuguesa?

    Esta mudança representa uma alteração dos paradigmas na sociedade relativamente ao desempenho da mulher no mercado de trabalho, ou seja, já se valoriza a mulher pelas suas excelentes capacidades como trabalhadora. Além disso as mulheres têm vindo, principalmente nesta última década, a instruir-se cada vez mais, superando até a taxa de escolarização dos homens.

    

    Concluindo, em Portugal a evolução do desemprego, desde os anos 70 até aos dias de hoje, tem vindo sempre a aumentar: na década de 90 a taxa de desemprego média foi de 5,54% no total da população activa e a 1ª década de 2000 teve uma percentagem de 6,63, o que representa um aumento da taxa de desemprego de 1,09% nas últimas duas décadas.

    O ano de 2011 fechou com 12,7% de taxa de desemprego, sendo que as causas do desemprego podem ser encontradas no modelo de desenvolvimento que percorremos nos últimos 15 anos (pelo menos) que implicaram um crescimento da economia a um saldo da balança comercial (exportações vs importações) sempre negativo.

    Este substancial agravamento do desemprego, independente da faixa etária, do tipo de desemprego ou do género, decorre dos efeitos de ampliação da rigidez no mercado de trabalho no contexto da recessão e crise de sobre-endividamento que Portugal está a viver.


Contacto